Eu não me lembro bem de ter lido contos de fada quando pequena. Não lembro de ter andado de carrossel, ter colecionado coisas e muito menos ter um gato.
Nesse dia em questão eu resolvi juntar e reorganizar toda a minha coleção de flores e folhas secas (além de conchas, libélulas, penas e tudo mais que vocês conhecem), ouvi o carrossel tocar, girando bem devagar, e adotei uma nova gatinha, pra me curar dos dias tristes já que a Alasca tava muito rebelde e não queria me dar amor.
Eu não lembro direito como foi esse dia. Mas lembro que a Olga não resistiu por muito tempo, o que esmagou meu coração, como um pedacinho de papel. Foi um dia em que eu dei todo o meu amor e carinho pra um bichinho antes dele deixar esse mundo por ser pequeno demais pra aguentar a vida na Terra.
No mesmo dia eu comecei a tentar ver beleza nas coisas mortas. Por mais mórbido que pareça - eu já colecionava flores e folhas há algum tempo - sempre tem uma história por trás de cada pétala de flor sem vida que eu guardo no meu baú. Isso que me alivia quando a tristeza bate muito forte, se eu me lembro bem.