sábado, 27 de junho de 2015

Je ne me souviens pas

   Eu não me lembro bem de ter lido contos de fada quando pequena. Não lembro de ter andado de carrossel, ter colecionado coisas e muito menos ter um gato.
   Nesse dia em questão eu resolvi juntar e reorganizar toda a minha coleção de flores e folhas secas (além de conchas, libélulas, penas e tudo mais que vocês conhecem), ouvi o carrossel tocar, girando bem devagar, e adotei uma nova gatinha, pra me curar dos dias tristes já que a Alasca tava muito rebelde e não queria me dar amor.
   Eu não lembro direito como foi esse dia. Mas lembro que a Olga não resistiu por muito tempo, o que esmagou meu coração, como um pedacinho de papel. Foi um dia em que eu dei todo o meu amor e carinho pra um bichinho antes dele deixar esse mundo por ser pequeno demais pra aguentar a vida na Terra. 
   No mesmo dia eu comecei a tentar ver beleza nas coisas mortas. Por mais mórbido que pareça - eu já colecionava flores e folhas há algum tempo - sempre tem uma história por trás de cada pétala de flor sem vida que eu guardo no meu baú. Isso que me alivia quando a tristeza bate muito forte, se eu me lembro bem.
   















quinta-feira, 18 de junho de 2015

La pluie tombe

   Já faz algum tempo que os dias firmaram, depois do céu inteiro desabar durante dias.
   Chuva sempre me fez sorrir e me aconchegou, mas ultimamente as coisas mudaram um pouco. Sem botar o nariz pra fora de casa e odiando a vista da minha janela, eu tive que me distrair com o que pude e com o carinho que algumas pessoas especiais tinham me dado alguns dias antes. 
   A chuva caiu, e "il pleut comme vaches qui pissent" por quase uma semana. Não vou negar que foram dias bons, de ficar em casa quietinha ouvindo Belle and Sebastian e recebendo cafuné, mas às vezes, por algum motivo sem sentido, eu sinto falta do sol.